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quarta-feira, 20 de novembro de 2019

NOVAS PALAVRAS, VELHOS PROBLEMAS




Fiquei observando o mundo e me deparei com uma situação recorrente que poderíamos classificar como cruel ou estupidez sem tamanho ou até mesmo falta do que fazer.

No final dos anos 60 e início dos anos 70 nós chamávamos nossos pais de velhos, independente da idade que eles tivessem na certidão ou no espírito.  Era “meu velho” para lá, “minha velha” para cá e isso era moderno. Quando eu nasci, meus avós já eram velhos, se mantiveram velhos durante minha adolescência e juventude e morreram velhos.

Não sei exatamente quando, passaram a chamar pessoas com certa idade de idosos porque velho era uma palavra desqualificadora. Velho era então, uma coisa que não servia mais e precisava ser descartada.

Até aí, tudo bem, só que apareceu um esperto que resolveu renomear essas pessoas que passaram a ser chamados de pessoas da terceira idade. Terceira idade¿¿¿ Mas terceira idade porque se eles não tinham mais três anos. Estavam sim na octogésima ou nonagésima idade. Pareceu-me uma classificação um tanto estapafúrdia.

Mas o pior estava por vir. Um outro esperto que não devia estar na terceira idades ou não tinha nada o que fazer, achou por bem renomear o povo da terceira idade para povo da melhor idade.

 Este infeliz acertou parcialmente, porque a melhor idade é a melhor para se ter dor nas costas, artrite, artrose, infecção urinária, pneumonia, pintas horrorosas pelo corpo, perda da libido, Parkinson e Alzheimer. Sem contar que é a melhor idade para rir, chorar, tossir, espirrar, urinar nas calças e soltar pum, tudo ao mesmo tempo. Realmente maravilhoso.

Outra gracinha dos espertos de plantão foi a de reduzir a quantidade de analfabetos do Brasil na marra. Já que não dava para reduzir a quantidade resolveram mudar o conceito. Antes, quem sabia ler e escrever era alfabetizado, quem não sabia era analfabeto. Ponto final. Mas como isso incomodava, começaram a criar conceitos tais como semialfabetizado e posteriormente o analfabeto funcional. Deixaram de ser considerados analfabetos. Por conta disso, a quantidade de analfabetos caiu, mas a realidade continuou triste e a estatística melhorou...

Para não me estender demais, vamos concluir com chave de ouro. Antigamente aquelas moças que faziam sexo por dinheiro eram chamadas de prostitutas, para não dizer a outra palavra de quatro letras. Depois, algumas moças durante minha juventude, para esconder a classificação, diziam que só iriam para a cama com alguém por um “papel de cem”, ou seja,  dinheiro. Talvez daí tenha surgido a expressão “menina de programa”.

Agora essas mesmas “meninas” tiveram a sórdida ousadia de se classificar de “SUGAR BABY” e ainda têm a coragem de ir para a televisão assumindo ser uma sugar baby e perguntando o que tem demais. Eu respondo, tem tudo demais, só mudou o nome, mas a profissão ainda continua a mesma.

Este mundo está mesmo virado e se não tivermos um choque para a manutenção de bons valores, não sei onde vamos parar. Talvez daqui para frente, quando uma pessoa não prestar você vai xingá-la dizendo: Seu filho de sugar baby...

Escrito por Helio Faria Junior