Fiquei observando o mundo e me deparei com uma situação
recorrente que poderíamos classificar como cruel ou estupidez sem tamanho ou
até mesmo falta do que fazer.
No final dos anos 60 e início dos anos 70 nós chamávamos
nossos pais de velhos, independente da idade que eles tivessem na certidão ou
no espírito. Era “meu velho” para lá, “minha
velha” para cá e isso era moderno. Quando eu nasci, meus avós já eram velhos, se
mantiveram velhos durante minha adolescência e juventude e morreram velhos.
Não sei exatamente quando, passaram a chamar pessoas com
certa idade de idosos porque velho era uma palavra desqualificadora. Velho era
então, uma coisa que não servia mais e precisava ser descartada.
Até aí, tudo bem, só que apareceu um esperto que resolveu
renomear essas pessoas que passaram a ser chamados de pessoas da terceira
idade. Terceira idade¿¿¿ Mas terceira idade porque se eles não tinham mais três
anos. Estavam sim na octogésima ou nonagésima idade. Pareceu-me uma
classificação um tanto estapafúrdia.
Mas o pior estava por vir. Um outro esperto que não devia
estar na terceira idades ou não tinha nada o que fazer, achou por bem renomear
o povo da terceira idade para povo da melhor idade.
Este infeliz acertou
parcialmente, porque a melhor idade é a melhor para se ter dor nas costas,
artrite, artrose, infecção urinária, pneumonia, pintas horrorosas pelo corpo,
perda da libido, Parkinson e Alzheimer. Sem contar que é a melhor idade para
rir, chorar, tossir, espirrar, urinar nas calças e soltar pum, tudo ao mesmo
tempo. Realmente maravilhoso.
Outra gracinha dos espertos de plantão foi a de reduzir a
quantidade de analfabetos do Brasil na marra. Já que não dava para reduzir a
quantidade resolveram mudar o conceito. Antes, quem sabia ler e escrever era
alfabetizado, quem não sabia era analfabeto. Ponto final. Mas como isso
incomodava, começaram a criar conceitos tais como semialfabetizado e posteriormente
o analfabeto funcional. Deixaram de ser considerados analfabetos. Por conta
disso, a quantidade de analfabetos caiu, mas a realidade continuou triste e a
estatística melhorou...
Para não me estender demais, vamos concluir com chave de
ouro. Antigamente aquelas moças que faziam sexo por dinheiro eram chamadas de
prostitutas, para não dizer a outra palavra de quatro letras. Depois, algumas
moças durante minha juventude, para esconder a classificação, diziam que só
iriam para a cama com alguém por um “papel de cem”, ou seja, dinheiro. Talvez daí tenha surgido a
expressão “menina de programa”.
Agora essas mesmas “meninas” tiveram a sórdida ousadia de se classificar de “SUGAR
BABY” e ainda têm a coragem de ir para a televisão assumindo ser uma sugar baby
e perguntando o que tem demais. Eu respondo, tem tudo demais, só mudou o nome,
mas a profissão ainda continua a mesma.
Este mundo está mesmo virado e se não tivermos um choque
para a manutenção de bons valores, não sei onde vamos parar. Talvez daqui para
frente, quando uma pessoa não prestar você vai xingá-la dizendo: Seu filho de
sugar baby...
Escrito por Helio Faria Junior